26 junho 2016

"(...) Com bastante frequência, e isso pode ser observado em várias passagens desse livro, mantive relações platônicas com mulheres pelas quais me sentia apaixonado (...) Por diversas razões - à frente das quais se situa certamente a timidez-, a maioria das mulheres que me agradavam permaneceu inacessível para mim (...) Na época da nossa juventude, o amor nos parecia um sentimento capaz de transformar uma vida. O desejo sexual, inseparável dele, era acompanhado por um espírito de aproximação, de conquista e de partilha que devia nos elevar acima do meramente material e nos tornar capazes de grandes coisas.


Uma das enquetes surrealistas mais célebres começava com a pergunta: 'Que esperança você deposita no amor?'. Minha resposta foi: 'Se amo, toda a esperança. Se não amo, nenhuma'. Amar nos parecia indispensável à vida, a qualquer ação, a qualquer pensamento, a qualquer busca.
Hoje, a crer no que me dizem, acontece com o amor o mesmo que com a fé em Deus: tende a desaparecer - pelo menos em certos meios. É considerado tacitamente um fenômeno histórico, algo como uma ilusão cultural. É estudado, analisado - e, se possível, curado.
(Buñuel)

Protesto. Não fomos vítimas de uma ilusão. Mesmo que para alguns pareça difícil acreditar, nós amamos de verdade".


retirado do Facebook de Aline Passos