27 junho 2016

"Ontem à noite eu tava numa festa gay (maravilhosa), e um cara veio me perguntar se uma amiga minha estava solteira. Respondi que sim. Depois perguntou se ela era heterossexual. Respondi "também". Uns 20 minutos depois o mesmo cara veio me perguntar se eu tinha alguma amiga "100% hétero", e respondi:
- Meu amigo, nenhuma de nós (eu e minhas amigas que estávamos na festa) é 100% hétero. Você não vai encontrar alguém que seja 100% hétero nessa festa.

E dispensei o cara. Fiquei de cara que em pleno 2016, numa festa gay, ainda tem gente fazendo esse tipo de exigência. Já vi muito dos caras ficarem animadinhos com a bissexualidade e/ou liberdade sexual das mulheres (sem rótulos), mas rejeitar isso foi a primeira vez. Não sei se considero esse rapaz em questão um tremendo babaca ou respeito as exigências dele, mas fiquei tão incomodada com essa de "100% hétero" que algo deve estar errado na atitude dele e na expressão. Ou não. Deve ter gente procurando gente "100% gay" "100% qualquer coisa", e deve ter quem possa oferecer a totalidade de algo. Eu não sei nem se sou 100% mulher ou 100% brasileira, coisas tão óbvias e gritantes que as vezes simplesmente não me representam. Acho que o meu problema com o tal do 100% é que ser cem por cento qualquer coisa me parece uma grande piada sem graça. Gosto dos 0,5 37 12,14. Os quebradinhos são sempre mais interessantes." 


Marina Cavalcanti - via facebook

26 junho 2016

"(...) Com bastante frequência, e isso pode ser observado em várias passagens desse livro, mantive relações platônicas com mulheres pelas quais me sentia apaixonado (...) Por diversas razões - à frente das quais se situa certamente a timidez-, a maioria das mulheres que me agradavam permaneceu inacessível para mim (...) Na época da nossa juventude, o amor nos parecia um sentimento capaz de transformar uma vida. O desejo sexual, inseparável dele, era acompanhado por um espírito de aproximação, de conquista e de partilha que devia nos elevar acima do meramente material e nos tornar capazes de grandes coisas.


Uma das enquetes surrealistas mais célebres começava com a pergunta: 'Que esperança você deposita no amor?'. Minha resposta foi: 'Se amo, toda a esperança. Se não amo, nenhuma'. Amar nos parecia indispensável à vida, a qualquer ação, a qualquer pensamento, a qualquer busca.
Hoje, a crer no que me dizem, acontece com o amor o mesmo que com a fé em Deus: tende a desaparecer - pelo menos em certos meios. É considerado tacitamente um fenômeno histórico, algo como uma ilusão cultural. É estudado, analisado - e, se possível, curado.
(Buñuel)

Protesto. Não fomos vítimas de uma ilusão. Mesmo que para alguns pareça difícil acreditar, nós amamos de verdade".


retirado do Facebook de Aline Passos