"Na interpretação clássica de Hegel, presente em obras como a Fenomenologia do espírito, asLições sobre a filosofia da religião e Cursos de estética, Antígona representaria a esfera familiar, privada, que deve submeter-se à esfera pública universal do Estado, representada por Creonte, para que haja uma ordem ética compartilhada por todos. Em primeiro lugar, salta aos olhos de Butler que Hegel considere Antígona a representante dos interesses familiares privados, do matriarcado que deve ceder lugar ao patriarcado-estatal, quando a situação familiar na qual vive é totalmente atípica. Ela é fruto da relação incestuosa entre Édipo e Jocasta e, além disso, na luta pelo direito a enterrar seu irmão morto, demonstra-lhe, em palavras e gestos, um amor incestuoso. Segundo a interpretação de Lacan, em Seminário 7, a peça de fato não abordaria um conflito entre duas esferas de interesses opostos, ao contrário, ambos, Creonte e Antígona, seriam vitimas de um mesmo impulso autodestrutivo inconsciente, a pulsão de morte, que os conduz para a destruição, mesmo quando desejam fazer o bem."
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