"O que #ferguson
tem em comum com o Brasil, especialmente considerando recentes
massacres como o que ocorreu em Belém e os assassinatos cotidianos no
Rio de Janeiro militarizado? Simples: sociedades duais que tiveram
desde o início que articular em termos teóricos e políticos uma divisão
entre um discurso normativo liberal e uma prática materialmente
escravista. Sociedades que não apenas conviviam com a contradição, mas
fizeram dela seu próprio ethos. Essa separação mostra
que o racismo é a matriz fundamental da divisão social na América e
cinde a ordem jurídica biopoliticamente. Assim, quem quer entender o que
significa a ideia de "estado de exceção permanente" (como vi esses dias
alguém ironizando), precisa compreender essa programação dual como um
perverso experimento biopolítico específico da nossa realidade que se
confirma diariamente (de Ferguson a Rafael Braga Vieira, passando pelos
milhares de Amarildos que formam pilhas e pilhas de Autos de
Resistência), sem querer apenas traduzi-lo em termos de "insuficiência"
ou "falta" em relação às configurações europeias e com isso silenciar
sua configuração positiva." - Moyses Pinto - Facebook