26 novembro 2014

"esse desejo de fazer justiça ao outro é o que faz com que Derrida afirme que a Desconstrução é o que acontece, ela está no mundo, e, nesse sentido, cabe então ao filósofo a tarefa de pensar tais acontecimentos, configurando um engajamento radical com a realidade (tal como entendida por Derrida). É nesse sentido que, mais do que um desconstrutor, ou seja, o sujeito que desconstrói, o filósofo deve ser aquele que pensa as desconstruções, pois as estruturas, os textos, os discursos já se apresentam a nós carregando no íntimo a própria desconstrução. Como disse certa vez Derrida, a Desconstrução consiste em enxergar a partição no coração dos conceitos, pois estes já são desde sempre partidos – e só conseguirá ver tal partição o filósofo que também tiver seu coração partido, ou seja, que carregar nele mesmo a marca da interdição e conseguir suportá-la. O filósofo, em seu amor pelo mundo, deve suportar estar diante do trauma que é a desconstrução do próprio mundo, da precariedade de sentidos e da espectralidade do real, e estar sempre disposto a denunciar toda e qualquer postura autoritária que tente apresentar o mundo em sua plenitude, o real em sua totalidade, espantando assim o assombro originário que é o que inaugura a própria filosofia".

Daniela Lima - Facebook