"Desde então, as piadas e as más interpretações passam a caricaturar a desconstrução como algo negativo, como se Derrida quisesse “desconstruir tudo”. No entanto, a desconstrução não é uma destruição, se aproximando muito mais de uma espécie de “desmontagem” de certas engrenagens que não estão funcionando tão bem como aparentam. É por isso uma tarefa positiva, de ver o que há de emperrado em cada texto, cada discurso, e que, por isso, acaba estagnando a própria novidade que o discurso traz. Assim, o gesto da desconstrução consiste em se engajar na novidade que cada autor traz e tentar trazer seu texto para além dele próprio, por amor ao pensamento.
A desconstrução, como essa tentativa de cruzar as margens da filosofia em nome de uma preocupação com a alteridade, se apresenta já na década de 1970 como um sistema de pensamento sempre aberto, que nunca se enclausura em uma fórmula ou um método, fugindo da arquitetura conceitual tradicional. É nesse sentido que, para o filósofo, ainda que se debruçando sobre textos de caráter mais teórico, a desconstrução desde o início já apresentaria esta preocupação ética e política em fazer justiça à alteridade de todo texto."
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