01 setembro 2014


"Não recuar face ao que toda amizade contém de político

Fomos habituados a uma ideia neutra de amizade, como pura afeição sem consequência. Mas toda a afinidade é afinidade no seio de uma verdade comum. Cada encontro é um encontro no seio de uma afirmação comum, mesmo que seja a da destruição. Não nos ligamos inocentemente, numa época em que ter apego por algo e não desistir desse algo conduz frequentemente ao desemprego, em que é preciso mentir para trabalhar, e trabalhar, depois, para conservar os meios da mentira. Seres que, partindo da física quântica, prometessem a si próprios retirar dela todas as consequências, em todas as esferas, não se ligariam de uma forma menos política do que os camaradas que lutam contra uma multinacional agroalimentar. Eles seriam levados, mais cedo ou mais tarde, à deserção e ao combate. Os precursores do movimento operário tinham o atelier e, depois, a fábrica para se encontrar. Tinham a greve para se medir e desmascarar os covardes. Tinham o rendimento salarial, que opõe o partido do Capital ao partido do Trabalho, para traçar as solidariedades e as frentes de luta em escala mundial. Nós temos a totalidade do espaço social para nos encontrarmos. Nós temos as condutas quotidianas de insubmissão para nos medirmos e desmascararmos os covardes. Nós temos a hostilidade a esta civilização para traçar as solidariedades e as frentes de luta em escala mundial."

fonte: aqui