"As pessoas na sala de jantar, isto é, dentro dos carros, isto é, segurando firme as bolsas nas calçadas com medo dos demais transeuntes, que são, de qualquer modo e para sempre, as pessoas na sala de jantar, enlouqueceram, de uma hora para outra, por conta da copa, que já não teve. O verde e amarelo perdeu a timidez, e onde há nacionalismo há assassinato, quando não coisa pior (sempre é possível piorar). Conto com a maldição do Itaquerão para "o Brasil" (que não é o Brasil coisa nenhuma, apenas o time de uma empresa privada financiada com dinheiro público, a CBF) começar a ser derrotado amanhã. Que não passe da primeira fase. Se passar, que seja derrotado pela "Argentina". Que também não é a Argentina, mas outro time de uma empresa privada financiada com dinheiro público. O que não quer dizer que eu tenha qualquer simpatia por qualquer seleção (na verdade, meu ideal, em qualquer campeonato de futebol, na verdade em qualquer campeonato, é que todos percam - o que infelizmente não é impossível, embora frequentemente seja verdade, se interpretamos "todos" como realmente todos, e neste caso eu lamento). Mas é que o Galvão Bueno convenceu as pessoas na sala de jantar, isto é, dentro dos carros, isto é, em frente à televisão, isto é, os fascistas de quatro costados, de resto tão simpáticos, que elas, isto é, eles, devem odiar "a Argentina" e também a Argentina e muito especialmente os argentinos. E eu gosto dos meus amigos argentinos e quero mais que pessoas adestradas pelo Galvão Bueno se explodam. Com todo o respeito, com todo o carinho - é claro. Pra frente, Brasil! Ninguém segura este país (o abismo não tem fundo)."
Eduardo Sterzi via facebook