19 dezembro 2016

"No primeiro semestre de 2015, quando ia se compondo o vasto campo de pré-candidatos republicanos à Presidência, Donald Trump recebeu apoio deliberado, programado, inequívoco de ninguém menos que ... Hillary Clinton! Isso mesmo. Mais emails vazados pelo Wikileaks (cópia segue abaixo) revelam que a campanha de Hillary concebeu a "brilhante" estratégia de reforçar as candidaturas republicanas consideradas extremistas (Ted Cruz, Donald Trump, Ben Carson) como forma de empurrar o partido adversário para a direita e assim inviabilizar os candidatos republicanos mais centristas, para supostamente melhor ocupar esse espaço.
Funcionou que foi uma beleza, como se viu.
Mutatis mutandi, a campanha de Hillary deu a Donald Trump a mesma mãozinha que Dilma Rousseff deu a Aécio Neves em 2014. Como todo mundo se lembra, a campanha de Dilma queria enfrentar Aécio, e não Marina, no segundo turno, para melhor poder pintar seu adversário como a direita bicho-papão. No primeiro, dedicou-se a difamar e destruir Marina de todas as formas possíveis, em uma das mais sujas campanhas eleitorais da história brasileira. Conseguiu enfrentar o adversário que queria no segundo turno. A tática deu certo e ela venceu as eleições, mas depois pagou o preço por tê-lo fortalecido.
Essa estratégia inventada pelos Clinton, de empurrar o tabuleiro político cada vez mais para a direita, para depois tentar fazer seu próprio reacionarismo parecer um centro razoável, já tem até um nome dicionarizado em inglês: "triangulation". No email que segue abaixo, nota-se que a campanha da gênia tinha como prioridade, já em abril de 2015, o fortalecimento de Donald Trump. Hillary pagou o preço antes que Dilma.
E aqui nos EUA você ouve, todo santo dia, apoiadores de Hillary colocando a culpa pela derrota no FBI, nos Verdes, na Rússia ou na mídia."

Idelber Avelar