19 dezembro 2016

"Tudo sofisticadamente pensado, realizado e engatilhado, o local - cenário - do crime, a casual (?) presença do fotógrafo-jornalista - que evidentemente não se furta e fotografa um fato "fotogênico" - a disseminação rápida das imagens nas redes sociais e jornais, tudo isso vai reafirmando o óbvio: que um ato terrorista é também sempre um ato espetacular. Marie-José Mondzain utiliza uma palavra para falar de nossa relação frenética com as visibilidades hoje, iconocracia. A iconocracia seria um culto cotidiano e incessante das visibilidades, uma espécie de vício cego e cegante diante de tudo aquilo que circula e se oferece à nossa visão, a iconocracia se articula a dois outros regimes: a iconofobia - o regime que instaura o medo diante daquilo que supostamente as imagens podem fazer/causar -, e a fobocracia, regime em que o medo se alimenta da produção e circulação de imagens para melhor dominar, manipular e subjugar. Para Mondzain esses dois regimes, um "da imagem do medo e outro do medo da imagem" se baseiam numa mesma concepção de poder ancorada no sequestro do sensível ou no sequestro de nossa relação sensível - crítica e aberta - com o sensível."

Laura Erber