"JORGE VIANA E O SEXO DOS BEBÊS
Quando
mais novo, ouvi a seguinte anedota: havia um obstetra que, antes de existirem
as ultrassonografias, sempre acertava o sexo dos bebês. Como ele fazia isso?
Dizia aos pais que seria menino e escrevia em um papel que seria menina. Quando
o bebê nascia, se fosse menino já teria acertado, se fosse menina, bastava
apresentar o papel e dizer que a memória dos pais tinha falhado.
Essa
anedota é uma boa metáfora de como o PT segue mantendo sua hegemonia na esquerda e os acontecimentos recentes
envolvendo Jorge Viana demonstram isso à perfeição. Desde que a decisão de
afastar Renan veio a público, Viana já deu declarações para todos os dois
lados, prometendo suspender votações como a da PEC 55 e se dizendo impedido de
assumir. Ontem o senador assinou uma versão do documento da mesa do Senado
recusando-se a cumprir a liminar que afastava Renan Calheiros e deixou de
assinar a outra.
O que na boca e na pena de uma só
pessoa torna patente o engodo, no funcionamento de um partido continua eficaz
como mistificação. Quantas vezes já não vimos o partido se "dividir"
em pautas polêmicas? Na última delas, um grupo de parlamentares lançou um
manifesto contra a anistia ao caixa 2, enquanto outro se mobilização pela
aprovação. Pra fechar a conta, o partido votou pela votação secreta do tema,
permitindo assim que todos votassem pela anistia sem precisar escancarar a
mistificação.
Em todas as situações
recentes, esse foi o método para construir a mistificação de que o partido,
apesar de aliado em larga escala da direita por todo o país, é oposição a ela.
Agora que um senador do PT é o grande articulador da volta de Renan à
presidência do Senado junto ao STF, garantindo assim a votação da PEC 55 ainda
em tempo hábil este ano, dirão que ele não é todo o PT, personalizarão e moralizarão
os conhecimentos, chamando-o de covarde e traidor. E a máquina da mistificação,
da qual a esquerda do partido é parte crucial, vai continuar funcionando. O
médico, afinal, nunca erra. Mas mente."
Silvio Pedrosa