24 junho 2014

"As pessoas na sala de jantar, isto é, dentro dos carros, isto é, segurando firme as bolsas nas calçadas com medo dos demais transeuntes, que são, de qualquer modo e para sempre, as pessoas na sala de jantar, enlouqueceram, de uma hora para outra, por conta da copa, que já não teve. O verde e amarelo perdeu a timidez, e onde há nacionalismo há assassinato, quando não coisa pior (sempre é possível piorar). Conto com a maldição do Itaquerão para "o Brasil" (que não é o Brasil coisa nenhuma, apenas o time de uma empresa privada financiada com dinheiro público, a CBF) começar a ser derrotado amanhã. Que não passe da primeira fase. Se passar, que seja derrotado pela "Argentina". Que também não é a Argentina, mas outro time de uma empresa privada financiada com dinheiro público. O que não quer dizer que eu tenha qualquer simpatia por qualquer seleção (na verdade, meu ideal, em qualquer campeonato de futebol, na verdade em qualquer campeonato, é que todos percam - o que infelizmente não é impossível, embora frequentemente seja verdade, se interpretamos "todos" como realmente todos, e neste caso eu lamento). Mas é que o Galvão Bueno convenceu as pessoas na sala de jantar, isto é, dentro dos carros, isto é, em frente à televisão, isto é, os fascistas de quatro costados, de resto tão simpáticos, que elas, isto é, eles, devem odiar "a Argentina" e também a Argentina e muito especialmente os argentinos. E eu gosto dos meus amigos argentinos e quero mais que pessoas adestradas pelo Galvão Bueno se explodam. Com todo o respeito, com todo o carinho - é claro. Pra frente, Brasil! Ninguém segura este país (o abismo não tem fundo)."

Eduardo Sterzi via facebook