14 novembro 2014

"Este trabalho objetiva repensar a dependência cultural através da leitura de significativos 
ensaios da crítica literária brasileira que constroem um diálogo sobre esta temática. De início, 
analisamos o Prefácio e a Introdução de Formação da Literatura Brasileira (1959), de 
Antonio Candido, procurando reler o posicionamento crítico da voz da tradição aí 
representada, especificamente no que se refere ao tema da dependência cultural. Através da 
revisão da referência à literatura brasileira como um "galho secundário", na qual Candido 
demonstra uma noção de dependência equivalente à noção de subordinação, as repercussões 
críticas de Formação, com os trabalhos de Haroldo de Campos, Roberto Schwarz e Luiz 
Costa Lima possibilitam uma vasta discussão sobre a historiografia literária elaborada por 
Antonio Candido e os recursos teóricos e metodológicos empregados pelo crítico a fim de 
expor sua visão sobre a produção e a formação da literatura brasileira. A discussão nos 
conduz necessariamente ao questionamento da identidade cultural brasileira, destacando-se a 
noção de "nacional por subtração", de Roberto Schwarz, e o diálogo estabelecido por esta 
com outros textos, escritos por Haroldo de Campos e Silviano Santiago. Roberto Schwarz 
representa a voz da continuidade da tradição da crítica literária inaugurada por Antonio 
Candido, o qual repreende a inconstância intelectual brasileira com relação à importação de 
idéias estrangeiras. Schwarz critica Haroldo de Campos e Silviano Santiago por revisitarem a 
antropofagia oswaldiana proposta, assim como por buscarem influências na teoria do 
desconstrucionismo francês e destacar o diálogo entre culturas, a diferença e o entre-lugar 
como traços característicos da nossa produção cultural. Em "Literatura e 
Subdesenvolvimento", Antonio Candido retorna à questão da dependência cultural, resultante 
da condição econômica de países subdesenvolvidos. Como privilegia o regionalismo do 
romance latino-americano, Candido aponta para que este seja uma forma de superação da 
dependência, desta maneira possibilitando a descontinuidade em relação à influência da 
cultura européia. Silviano Santiago representa um novo interesse no estudo da tradição 
literária. Fortemente influenciado pelos Estudos Culturais e pela nova visão sobre a questão 
do "valor literário", Santiago discorre em direção ao "repensar" da literatura brasileira para 
além da noção de "superioridade cultural", propondo alternativas para seu cosmopolitismo e 
assim reafirmando a noção de diferença como seu mais evidente traço." - aqui