15 novembro 2014


AINDA SOBRE O DISCURSO DO MEDO
Eu vou dizer, pela última vez, o que eu acho deste discurso politicamente vazio pelo qual devemos votar na Dilma para evitar determinadas medidas (ameaças) que seriam bandeiras, pautas, do programa de governo do Aécio. O que realmente pode fazer alguma diferença é a pressão, não é quem ocupa o lugar institucional. Esta pressão pode ser do grande capital ou do povo. Esta é a oposição importante que barra a implicação: 'Se Dilma, então P' e 'Se Aécio, então Q'. Quem decide P ou Q não é quem ganha as eleições, é o conflito de poder na guerra de classes. A Dilma pode ganhar e ocorrer Q, bem como o Aécio pode ganhar e ocorrer P. Quantas vezes vimos isso ocorrer!? Nossa falsa democracia não tem meios para evitar isso. Se a Dilma ganhar e o povo não estiver organizado para exercer pressão, porque foi desviado da sua auto-organização pela falsa via eleitoral que canaliza toda a participação política da sociedade, ela pode inclusive mudar todo o programa político dela e fazer exatamente o programa do PSDB que o povo não terá nenhum meio para cobrar isso, não há nenhuma garantia de que ela não fará isso, como inclusive o PT já fez em relação a vários pontos da sua política e propostas iniciais após ganhar as eleições: o grande capital pressionou e ele acatou. Por outro lado, o Aécio pode ganhar e o povo estar organizado, e, com isso, por isso, ele não conseguir implementar as medidas (horríveis, eu concordo com isso, que fique claro) que propagandeia. A pressão do capital é mais forte que a pressão popular na nossa sociedade não apenas porque (embora isso seja fundamental) o capital detém os meios materiais de produção e reprodução da vida, mas também porque as pessoas têm sua participação política restrita ao voto, por isso é na organização popular que temos que nos focar, só ela pode impedir de fato a adoção das medidas que mais interessam aos donos do capital, só ela pode mudar algo.
Não é a pressão popular em função do voto, como se o povo tivesse poder porque pode “chantagear” seu voto de dois em dois anos. Não, o povo tem poder de pressão porque pode se auto-organizar, porque são as pessoas que fazem as sociedades, é este poder que o governante deve temer como mais forte do que o poder do capital. Enquanto o poder popular ficar restrito ao voto, o população jamais terá poder de barganha, porque o voto é um processo institucional controlável estruturalmente.
NÃO VOTE, SE ORGANIZE!

Camila Jourdan - Facebook