24 junho 2014


"O comunismo não é simplesmente aquilo que os.marxistas têm insistido em designar como o projeto de uma formação social fundada sobre a propriedade comum (ou social) dos meios de produção. Mas ele o seria, e somente seria, se soubéssemos ler nesta resposta (como em numerosas outras, todas imediatistas e adaptadas às conjunturas sociais concretas) uma forma outra de vida onde a propriedade comum não seja apenas o desaparecimento da propriedade econômica privada, mas o desaparecimento do 'próprio', isto é, das identidades e então das divisões sociais e da própria sociedade.


Isto é, o comunismo não pode ser encarado como uma outra economia que impomos sobre o conjunto das sociedades anteriores e sobretudo de sua mais recente economia capitalista. No fundo, sempre presente, da física trágica operativa de Marx, as categorias do marxismo são sempre, em sua radicalidade, não apenas a subversão de uma economia (das relações de produção e do estado) mas de tudo aquilo que como corpos e valores sustenta e subentende o projeto do social e do homem como sujeito."

Carlos Henrique de Escobar, Marx trágico (o marxismo de Marx), 1993, p. 31.