16 outubro 2016

"No campo das artes visuais ainda espanta que críticos atribuam valores masculinos a determinadas formas plásticas e valores femininos a outras, no caso destas últimas, há nelas quase sempre algo que pode ser medido em termos de delicadeza, leveza, organicidade, acolhimento. Ao contrário do que parece, essa ideia acaba por ser reforçada no discurso que toma a criação formal como fenômeno "unissex" ou desprovido de gênero, de modo que artistas homens possam evidentemente produzir uma visualidade 'feminina' e vice-versa. O problema da nomeação continua ali presente, retornando e atravancando o caminho crítico. Seria apenas divertido se não fosse dramático porque revela o quão distante ainda estamos de uma perspectiva crítica capaz de incorporar o feminismo como uma dimensão reflexiva fundamental que, tal como sugeria Adrienne Rich há tantas décadas, incida sobre processos fundamentais de cognição, nomeação, descrição e valoração."

Laura Erber