28 novembro 2014

"O que ‪#‎ferguson‬ tem em comum com o Brasil, especialmente considerando recentes massacres como o que ocorreu em Belém e os assassinatos cotidianos no Rio de Janeiro militarizado? Simples: sociedades duais que tiveram desde o início que articular em termos teóricos e políticos uma divisão entre um discurso normativo liberal e uma prática materialmente escravista. Sociedades que não apenas conviviam com a contradição, mas fizeram dela seu próprio ethos. Essa separação mostra que o racismo é a matriz fundamental da divisão social na América e cinde a ordem jurídica biopoliticamente. Assim, quem quer entender o que significa a ideia de "estado de exceção permanente" (como vi esses dias alguém ironizando), precisa compreender essa programação dual como um perverso experimento biopolítico específico da nossa realidade que se confirma diariamente (de Ferguson a Rafael Braga Vieira, passando pelos milhares de Amarildos que formam pilhas e pilhas de Autos de Resistência), sem querer apenas traduzi-lo em termos de "insuficiência" ou "falta" em relação às configurações europeias e com isso silenciar sua configuração positiva." - Moyses Pinto - Facebook