21 setembro 2014

sobre Juan José Saer

"Não cabe à literatura dizer se toda vitória traz consigo o germe da derrota vindoura, se todo apogeu é sucedido por uma queda inevitável, mas o caso é que sua história parece se esmerar em demonstrá-lo. Nos grandes poemas épicos da Antiguidade prenunciava-se o gênero que tomaria seu lugar milênios mais tarde, e o estabelecimento hegemônico do romance como expressão da modernidade guardava em seus interditos a fúria das vanguardas que viriam a torná-lo alvo: Proust em sua intenção de esgotá-lo, Joyce desconstruindo-o, Beckett sem mais pudor tratando de destruí-lo. Ainda hoje aplaudimos as obras extremas que derivaram da sanha desses homens, mas daquelas vanguardas pode ter decorrido a pior derrota: as liberdades foram tomadas, já não há recipientes a serem transbordados, moldes a serem rompidos, e só o que parece nos restar é a vida inenarrável."

 “O que percebemos como verdadeiro do passado não é a história, mas nosso próprio presente, que se projeta e olha para si mesmo no exterior”.

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