08 setembro 2014


"Andei pensando sobre o "novo". Em sociedade, a novidade não é espontânea, não surge de uma hora para outra como num passe de mágica. O que parece "novo" nasce do que se tornou "velho" e, muitas vezes, o contém. Trata-se de uma relação, mais que uma ruptura.


Aliás, quais são as rupturas "instantâneas" que vivemos no Brasil? Não me vem a mente. O apelo ao "novo", a atração que este traz como mudança desejada não pode deixar de conter em si os elementos de uma ordem que foi superada ao longo do tempo, uma "velha" ordem. Mas sempre a ordem reina.

No Brasil democrático recente, vivemos em busca do "novo" por mais que estejamos nós mesmos inseridos numa novidade democrática há 29 anos com uma constituição que tem apenas 26 anos, que ainda engatinha e já se torna vilipendiada a ponto da sua defesa ser a novidade maior pela qual agimos. Nós já vivemos o "novo" nesse curto período histórico. 

Vamos lutar por essa novidade, aprofundar democracia e a manutenção e cumprimento de direitos garantidos, ou se trata, como canta Caetano, inspirado em Levi-Strauss, de que "aqui tudo parece que era ainda construção e já é ruína"?"


Marcelo Castañeda - Facebook