17 agosto 2014

 Hélio Oiticica se encontra num espaço privilegiado posto que, como  afirma Lévi-Satruss, a arte se constitui na mediação entre o pensamento  selvagem e o pensamento forjado no interior da tradição racional e cartesiana  moderna. 
Lévi-Strauss define bricolagem como uma prática regida pela  imprevisibilidade, pela falta de planejamento e pelo uso de materiais diversos  encontrados no mundo dos objetos, que são colecionados a partir de uma 
lógica que apregoa que eles podem servir para alguma coisa no futuro  próximo. Afirma ainda que com o bricolagem, quando aplicado também para  a elaboração de categorias de pensamento, é possível que se chegue a  resultados “brilhantes e imprevistos” que, por vezes, coincidem com as  proposições formuladas pela ciência. Pode-se dizer que o espírito inquieto e  curioso do artista o fez perceber o bricolagem presente nesta forma de  arquitetura, inspirando-o na criação de capas, estandartes, barracas e objetos  de cabeças que devem ser incorporados pelos espectadores. Neste sentido,  como veremos adiante, a obra não possui um plano prévio, sua trajetória será  dada pela ação dos que a vestirem.''