Hélio Oiticica se encontra num espaço privilegiado posto que, como afirma Lévi-Satruss, a arte se constitui na mediação entre o pensamento selvagem e o pensamento forjado no interior da tradição racional e cartesiana moderna.
Lévi-Strauss define bricolagem como uma prática regida pela imprevisibilidade, pela falta de planejamento e pelo uso de materiais diversos encontrados no mundo dos objetos, que são colecionados a partir de uma
lógica que apregoa que eles podem servir para alguma coisa no futuro próximo. Afirma ainda que com o bricolagem, quando aplicado também para a elaboração de categorias de pensamento, é possível que se chegue a resultados “brilhantes e imprevistos” que, por vezes, coincidem com as proposições formuladas pela ciência. Pode-se dizer que o espírito inquieto e curioso do artista o fez perceber o bricolagem presente nesta forma de arquitetura, inspirando-o na criação de capas, estandartes, barracas e objetos de cabeças que devem ser incorporados pelos espectadores. Neste sentido, como veremos adiante, a obra não possui um plano prévio, sua trajetória será dada pela ação dos que a vestirem.''