28 agosto 2014

"O desejo não é da ordem da fantasia, do sonho ou da representação, mas da produção. Desejar sempre significa construir um agenciamento; desejar sempre significa agir em e para um coletivo ou multiplicidade. O desejo não é uma questão de indivíduos e não resulta da simples interação de pulsões individuais ou conatus (intersubjetividade). O desejo não vem de dentro do sujeito. Ele sempre emana de um fora, de um encontro, de um acoplamento, de um agenciamento. A concepção clássica de desejo é abstrata porque identifica um sujeito de desejo e um objeto supostamente desejado, enquanto nunca se deseja alguém ou algo, mas sempre uma pessoa ou uma coisa no interior de um conjunto constituído de uma multiplicidade de objetos, relações, máquinas, pessoas, signos etc. É o agenciamento, e não o sujeito individuado, que torna alguém ou algo desejável. Nunca se deseja apenas uma pessoa ou uma coisa, mas também os mundos e os possíveis que se sente neles. Desejar significa construir um agenciamento que desdobra os possíveis e mundos que uma coisa ou pessoa contém. ‘Mas é sempre com mundos que fazemos amor’” (Maurizio Lazzarato)

Leandro Calbente Câmara - Facebook