07 agosto 2014


"A única maneira de pensar em mudar o mundo radicalmente é como uma multiplicidade de movimentos intersticiais fluindo a partir do particular.


É nos interstícios que as 'pessoas comuns', que são os heróis deste livro, serão encontradas. As objeções a essa característica 'comum' de nossas pessoas são rápidas e numerosas: o trabalhador da indústria automobilística que vai ao seu jardim, a garota que lê o seu livro no parque, os amigos que se reúnem para formar um grupo de coral, o engenheiro que desiste de seu trabalho para cuidar de suas crianças - como podem eles ser considerados os protagonistas de uma revolução anticapitalista? Mas a resposta é simples desde que pensemos na mudança revolucionária como sendo necessariamente intersticial: quem trouxe a transformação social do feudalismo para o capitalismo? Foram Danton e Robespierre ou foram os burgueses anônimos e possivelmente enfadonhos que simplesmente começaram a produzir de forma diferente e a viver suas vidas de acordo com critérios e valores diferentes? Em outras palavras, a mudança social não é produzida por ativistas, por mais importante que o ativismo possa ser no processo (ou não). A mudança social é, ao invés disso, o resultado da quase invisível transformação das atividades diárias de milhões de pessoas" ("Fissurar o capitalismo", John Holloway)


via: Maíra Wiese - Facebook