"Não se pode, na superação ao positivismo historiográfico, anular os ganhos obtidos com a crítica documental. Seus recursos constituem a espinha dorsal do método investigativo em história. Por outro lado, falta ainda a ele uma teoria elaborada da escritura, uma análise de sua potencialidade enquanto campo de saber e das suas relações com a realidade temporal. A nosso ver, a Gramatologia elaborada por Jacques Derrida fornece pontos relevantes para a elaboração de um método mais rigoroso de conhecimento histórico, livre das categorias metafísicas advindas do logocentrismo ocidental." --> aqui
04 outubro 2014
O legado de Jacque Derrida
"Desde então, as piadas e as más interpretações passam a caricaturar a desconstrução como algo negativo, como se Derrida quisesse “desconstruir tudo”. No entanto, a desconstrução não é uma destruição, se aproximando muito mais de uma espécie de “desmontagem” de certas engrenagens que não estão funcionando tão bem como aparentam. É por isso uma tarefa positiva, de ver o que há de emperrado em cada texto, cada discurso, e que, por isso, acaba estagnando a própria novidade que o discurso traz. Assim, o gesto da desconstrução consiste em se engajar na novidade que cada autor traz e tentar trazer seu texto para além dele próprio, por amor ao pensamento.
A desconstrução, como essa tentativa de cruzar as margens da filosofia em nome de uma preocupação com a alteridade, se apresenta já na década de 1970 como um sistema de pensamento sempre aberto, que nunca se enclausura em uma fórmula ou um método, fugindo da arquitetura conceitual tradicional. É nesse sentido que, para o filósofo, ainda que se debruçando sobre textos de caráter mais teórico, a desconstrução desde o início já apresentaria esta preocupação ética e política em fazer justiça à alteridade de todo texto."
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03 outubro 2014
As eleições de outubro: entre o consenso e a brecha democrática
"a candidatura de Dilma é absolutamente reacionária e antipolítica (existe política sem construção de liberdade real?).
É reacionária e antipolítica porque o consenso enxerga os pobres como “nova classe média” que consome, mas não como classe que luta radicalmente por melhores condições (urbanas) de vida; o consenso gosta dos jovens e estudantes se estiverem amarrados em suas organizações “de base” (aceitando acriticamente a pauta governista), mas não quando eles se organizam de forma potente e autônoma, passando por fora dos arranjos do “pacto de governabilidade”; o consenso tolera os índios desde que eles aceitem remoções para o Minha Casa, Minha Vida, ou sirvam de protetores temporários do estoque de “recursos estratégicos”; o consenso gosta da cultura não como multiplicação de diferentes e afirmativas formas de vida, mas como uma propriedade de grandes autores ou como “economia criativa” no interior do desenvolvimentismo; o consenso não gosta de nenhuma pauta de direitos humanos – antes de perguntar sobre a vida, pergunta sobre o PIB e as possibilidades de acumulação.
O consenso que sustenta o atual governo nada mais é que o Fundamentalismo do Objetivo – a antipolítica por excelência."
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02 outubro 2014
A grande história: quase desconhecida no Brasil
Como e quando chegou aos documentos do Foreign Office?
No verão de 1993, li Motins políticos, de Domingos Antônio Raiol, publicado há mais de um século, mas ainda o melhor livro sobre o assunto. Raiol menciona diversas vezes a presença de comerciantes e navios britânicos, e intervenções militares britânicas. Eu sabia de pesquisas anteriores, sobre outros assuntos, que os arquivos ingleses são bem organizados e não seria difícil achar o material consular nem o material naval. Munido com datas e nomes de navios britânicos tirados de Rayol, fui para o PRO [Public Records Office] e de fato, com a ajuda de um arquivista, achei o material consular em aproximadamente duas horas. Daí, tirei mais informações e consegui localizar vários pacotes de material relevante do Almirantado, também sem muitas dificuldades.
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